“Geometria” é o nome que a arquiteta brasileira Elisa Vaz deu à foto ao lado. A bela imagem foi feita a partir da Fortaleza de São Miguel, em Luanda.
Elisa viveu em Angola entre agosto de 2008 e abril de 2010, realizando projetos de requalificação urbana e projetos na área imobiliária. Hoje, como ela conta, “não moro, transito”.
Ela deixou o país no final de abril. Depois, fez uma viagem de quase três meses pela Europa. “No momento estou me reestabelecendo no Brasil”, conta. Ela está em Recife.
A história pr trás da foto passa pelas artes e envolve a mãe de Elisa, a artista plástica Ana Vaz, nascida em 1977 em Recife (PE). A foto foi tirada “em um momento em que recordei minha mãe”, conta Elisa. Segundo ela, “o registro da imagem que eu via tornou-se inevitável”. Ela relata as coincidências:
Enquanto artista plástica, minha mãe sempre teve como tema recorrente em seus quadros janelas e favelas recifenses. Os musseques verticais de Luanda, decorrência da invasão de edifícios abandonados por portugueses durante o chamado “4×24”, me pareceu juntar os dois temas tão recorrentes em sua obra, possuindo, inclusive, uma paleta de cores semelhante à que ela usa.
Musseque é como em Angola chamam o que no Brasil é conhecido como favela, como conta Elisa. O “4×24” mencionado por ela se refere “àquilo que os angolanos concederam aos portugueses que ainda se encontravam em Angola no momento da independência: 4 quilos para levar e 24 horas para sair do país”.
Embora Elisa conte uma história interessante e bonita por trás da imagem, ela mesma reconhece a tragédia que a fotografia revela: “a condição de miséria dos impressionantes musseques verticais luandenses”:
Para um trabalho artístico, a imagem pode até possuir uma dramaticidade e beleza estética, mas, quem dera, fosse apenas uma cena do imaginário ou registro de um tempo que ficou pra trás.